1998 | Tomba cai pira mané


Tomba cai pira mané
maré oscila entre barcos e ilhas
instalada barganha e gases
navegante segue a leste
tonto destrói o tempo da travessia
caixas e malas sagradas de pedras
clima das setas dos incertos certos justos
fortes protegidos da úmida razão
ilhada presa a mata selvagem
rígidos corpos de palhas e insetos
milho aipim e taiá em modernas coletas
marcha nas preces silenciosa viagem
mordida aos poucos a terra dos sonhos
solidária expectativa desenterrada
olhos crescem de rajadas jaboticabas
deformada magia das formas
entulhos interligam pontas e pontes
praças bêbadas de artificialidades
quebradas lascas não molha o pé e a terra
além mares pescadores partem
espera ao tempo a longa triagem
devoradores de pitanga goiaba ingá e araçá
viajam o aterro da nova terra
desterrada pressa de quem a aterrou
a virgem violentada não geme
passa a posse e usufrua
rasgada quase nua suspira
na sede o animal se afoga
fere o ferro torto como anzol
alucinados náufragos distraídos
caçam as costas que coçam.

Ilha, julho de 1998

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