2000 | A ponte pencil flutua no cinza

Confronto o céu na teia
a ponte pencil flutua no cinza
arranhada aranha sofre no azul da luz
sobra sobre o ateu linhas e pistas
cruzado em leste oeste
do sol dentre raios
ponta norte sul do ilhado vento
novo ameaçador sobre velhas pegadas
presa à teia da aranha morta a folha seca
o dedo aponta o outro lado que não o avesso
lema e leme rumos rumores segue
fundos opacos de espelhos quebrados espetam
a roupa esconde o que teceu pro nu
caroço escondido nos grãos de areia
carne tecida entre véu e perdas
branca coleta de jardim
roxos sobre os amarelos
almofadas dedos e bilros faz renda às alfinetadas
frágil oscilante linho sempre me cerca
do outro lado o certo sussurra aflito
agonizante de mim mesmo grito.

ilha , 2000.

2001 | a/deus

Telhas e teias nos céus
ateístas ao sol abrigam a/deus
rastros de fumaça come o homem
co”as pernas dedilha a aranha
cruzando fios de alta tensão
pensa na lua de olho ao teto
da baixa distância a/próxima altura
forma imagin/ante letra deformada
busca presa ao lado do deserto
asseguro a tempo e me per/mito seguro
se move em milésimos de segundos o chão
piso de desordenadas formas
em ordem tento e sempre faço
pulando sobre pedras e cascatas ao limo.

1° de agosto de 2001.